Já sabemos que a imprensa é parcial. Aqui enfatizamos. A marcação a que nos referimos é aquela que o autor Flávio Gordon, no primeiro capítulo de seu livro Corrupção da Inteligência se refere: conservadores são sempre marcados, algo similar aos termos ingleses spotted ou labelled, identificados - via de regra com coisas negativas - e os progressistas não.
Não é exagero. O autor confirma com alguns exemplos, como na imprensa brasileira, conservadores são sempre citados com uma marca, um rótulo já pré-estabelecido de "ultra-nacionalista", "ultradireita", "extrema direita". Um pouco mais sutil que fascista, mas ainda assim, as devidas figuras não são mencionadas sem adjetivos. Suas declarações e opiniões não raro já são de antemão julgadas na introdução das matérias para caso o espectador tenha ainda alguma dúvida em discernir: "islamofóbicas", "homofóbicas", "machistas"; no mínimo "polêmicas".
É o caso por exemplo no qual uma seção do jornal Estadão cita uma famosa jornalista brasileira que foi ao programa do apresentador Raul Gil e lá se pronunciou contra o aborto. A matéria afirma serem polêmicas as assertivas da jornalista, que entretanto tem a mesma opinião da grande maioria dos brasileiros: 80% segundo reportagem do próprio Estadão de setembro daquele mesmo ano de 2014.
Gordon ainda afirma que talvez o próprio autor da matéria não seja um ativista, mas ou alguém que reproduz o jargão do meio jornalístico, o qual deve tomar por expressão dos valores gerais - caso típico de ter sido persuadido pelo provincianismo desse meio midiático - ou tenha o autor usado a expressão "polêmica" de modo consciente pelo medo do ostracismo, por não apresentar-se em conformidade junto a seus pares.
Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil, pois até mesmo na mídia americana é comum que tal ou tal celebridade, como Mel Gibson seja apresentado como conservador já no título ou introdução de uma reportagem, mas outros, como Barbra Streisand, apesar de todo seu ativismo progressista, ser chamada apenas pelo seu nome. No público, a sensação causada é a de que se alguém é conservador é necessário saber-se disso como que por precaução; se é de esquerda, seu ativismo não é mencionado porque suas opiniões e posturas nada mais seriam do que expressão da opinião média da população, corroborada pelos meios midiáticos, cujas informações veiculadas são entendidas como reflexo da realidade.
Tal também ocorre com as notícias envolvendo cristãos e o Oriente Médio. O revide por Israel das agressões palestinas são potencializadas a seu máximo, enquanto raramente é apresentado o motivo inicial das hostilidades; ou as matanças do Boko Haram e Estado Islâmico serem noticiadas como assassinato de pessoas, mas não de cristãos, real motivo para o fato. Cidadãos comuns protestarem por limites nas políticas de admissão de estrangeiros, no entanto é "islamofobia". Tal também o é quando cidadãos da Alemanha, Suécia e da Itália protestam contra a dureza do Estado: cidadãos nativos que usufruem da habitação social são postos para fora sem clemência, as casas são reformadas e cedidas a imigrantes recém-chegados. A reivindicação destes cidadãos, que dormem agora ao relento, de que o governo devia cuidar primeiro dos seus é considerada "islamofóbica" e "nacionalismo de ultradireita" por alguns (vídeo disponível no canal Repugnante Mundo Novo, do YouTube). Atitude de omissão por sua vez é a de Hillary Clinton e Barack Obama quando dos atentados contra cristãos em Igrejas Católicas e hotéis no Ceilão (Sri Lanka) ao princípio de 2019; expressaram via Twitter toda sua solidariedade aos "adoradores da Páscoa" para não referir-se às 290 vítimas como o que realmente eram e razão mesma dos crimes: como ironizou Paul Joseph Watson ao noticiá-lo, qual o probleminha de Obama e Hillary com a palavrinha com "C" ? Em assentimento foi noticiado em telejornal de muito afamada rede de televisão no Brasil a mesma notícia, e é como sói ser em matérias de mesmo calibre quanto a judeus e cristãos que parecem ser assassinados ao acaso.
Assim temos que essa marcação é algo a que devemos ter ligado o nosso "desconfiômetro". Nos apercebermos que vale a pena ter mais trabalho e verificar as informações em órgãos diferentes. A presença ou ausência dessa qualificação das "classes falantes" pode fazer toda a diferença, pois nas palavras há poder. É a força da mentira repetida tantas vezes que torna-se verdade.
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